Era apenas
um velho aos meus olhos de pedra. Solitário. Conduzido por pés desjuvenescidos.
Alheio a outros dois jovens membros inferiores que seguiam almejando uma
estranha colisão – cujo ser que os conduzia trazia olhar de frieza, assim como
era fria a lâmina que tentava se aquecer sobre a pele da cintura. Está bem...
Éramos só nós três naquela madrugada sempre embriagada pela maresia – o velho,
o desconhecido e eu –, cada qual com sua solidão distorcida. E a colisão,
inevitável, foi tripla. E os meus olhos empedrecidos arregalaram-se com o
surrupio do vento abençoando o vil golpe. O cair do velho homem aos meus pés de
pedra. E o correr do meliante com o arrecadado naquela breve ação – e com
aquela velha alma outrora vivente em suas gélidas mãos...
segunda-feira, 5 de outubro de 2015
segunda-feira, 14 de setembro de 2015
Banquete Num Planeta em Formação
Só
* Fragmento que estará no novo livro de Sidney Nicéas, "Noite em Clara - um Romance (e uma Mulher) em Fragmentos.
sábado, 27 de junho de 2015
SIDNEY NICÉAS ESTÁ MORTO! (26/06/15)
"Porque não há fardo maior nessa vida do que carregar a si próprio". Essa frase é de um escritor enxerido chamado Sidney Nicéas (e estará enfeitando a fala de um personagem seu num livro futuro). Aliás, essa frase ERA dele. Eu matei Sidney Nicéas. Hoje. Dia do seu aniversário.
Matei. Há 40 anos eu o suportava. Um fardo. Não aguentei mais. Fiz o favor de retirá-lo abruptamente desse plano. O escritor está morto. Aliás, parte dele. A outra parte (eu) renasceu de suas próprias cinzas mortas. Um outro Sidney que se manifesta aos poucos. Talvez menos idiota, menos orgulhoso, menos teimoso, menos sonhador. Talvez mais maduro, mais consciente, mais confiante. Talvez.
Eu matei Sidney Nicéas. E confesso: não foi a primeira vez. De ciclo em ciclo eu renasço. E percebo que estar vivo aqui é estar cada vez mais morto. A cada aniversário perco vida e ganho morte - a morte que me faz realmente vivo. E é esse antagonismo estranho que me impele a matar o escritor e a renascer do seu cadáver que só se deteriora - em antagonismo com a sua alma que somente tenta crescer.
Está bem. Eu sou a alma de Sidney Nicéas. Eu o mato. Eu renasço. Eu morro a cada dia para essa vida estranha e vivo ainda mais para a eternidade – quanto mais eu morro, mais eu vivo. Não adianta me prender. Já sou prisioneiro desse corpo que só morre. Mas a cada aniversário eu fico mais perto da liberdade. E dessa alegria que me faz, no dia de hoje, palavras e celebração.
Eu matei Sidney Nicéas. E renasci...
segunda-feira, 12 de janeiro de 2015
É O TERROR!!!
É o
terror!!! É o terror!!! É o terror!!!
Os anos dois
mil eram o futuro... E eis que dois mil e quinze chegou sob bombas – de
artifício e também de verdade, com tiros matando franceses.
É o terror
vinte e quatro horas na TV!!!
E a África
continua sendo implodida por radicais que matam milhares a sangue frio. E o
Taiti permanece afundando no caos de escombros de tragédias recentes.
É o terror
sem espaço nas TVs!!!
E milhares
de pessoas, incluindo diversas autoridades (isoladas dos reles mortais!), foram
às ruas de Paris pedir por paz (e se for igual ao Brasil, aonde as intenções se
esvaem com o passar dos meses, o bicho ainda vai pegar). Enquanto isso, nenhuma
voz ecoando contra os males que se proliferam nas nações empobrecidas.
É o
terror!!! É o terror!!! É o terror!!!
(e enquanto o terror continua detonando o mundo - desde que o homem é homem -, a gente
vai levando essa vida...)
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