O título desta crônica, devidamente aspado,
é fruto das esculhambações humorísticas do Casseta & Planeta na década de
80. Lembro como se fosse hoje, numa revista semanal, de ter me deliciado com a
arte de uma camisa branca com a bandeira do Brasil estampada à frente, cuja
citada frase substituía a “Ordem e Progresso” do pavilhão nacional. Eu era só
um garoto, mas nunca esqueci a força que o humor inteligente tem. E foi essa
imagem que me veio à mente após a polêmica camisa da Adidas (imagem acima), alusiva
à Copa do Mundo de Futebol a ser realizada no Brasil. Em ambos os casos, apesar
da larga distância entre um produto de humor e outro meramente comercial, a
bunda se sobressai em significados vastos.
Ela (a bunda) é, talvez, o maior símbolo
do Brasil. Aqui e no exterior. Não é só um mero fetiche. Ela representa o sexo
fácil, imagem maior que grande parte dos estrangeiros tem do país e que muitos
de nós mesmos também temos – e que “vendemos” pra quem quiser “comprar”. Vide conteúdos
diversos exibidos (e prestigiados) em nossos canais de TV (dos BBBs da vida aos
apelos carnavalescos e às peças publicitárias - quem lembra, para ficar num
exemplo só, uma propaganda recente das sandálias Havaianas em que um casal
estrangeiro decide ir ao Brasil em férias e a mulher, ao ver uma foto de uma
bunda num anúncio brasileiro, decide mudar de roteiro? Vou nem citar as propagandas
de cerveja e outras mais), as garotas e garotos oferecendo seus corpos nas
esquinas das nossas movimentadas ruas, os bailes funk, as baladas (em todas as regiões
e classes sociais)... Encontrar sexo é mesmo muito fácil por essas bandas.
Você pode argumentar que isso não é
exclusividade nossa. Bom, nessa intensidade, estamos entre os “primeiros”. Além
das já citadas facilidades para se fazer sexo no país, somos “referência” em
prostituição infanto-juvenil e estamos entre os países mais “bem colocados”
quando o assunto é turismo sexual.
Devido ao zum-zum-zum gerado, a Adidas
decidiu cancelar a venda da polêmica camisa. Pega mal dizer certas verdades
(ainda que, por outro ângulo, a mensagem estampada na blusa represente estímulo
ao turismo sexual, esse mesmo que o Brasil é referência). Incomoda-nos ver como
o mundo enxerga essa grande bunda que o Brasil tem feito questão de exibir –
seja pelo sexo fácil já explicitado, pela corrupção descarada que abundalha a
política nacional, pelo caos urbano que teimamos em dejetar, ou por tantas
outras questões que nos fazem de verdadeiros bundões. A camisa provocou repúdio
nas autoridades porque teimamos em não querer enxergar nossas próprias mazelas.
Causou ojeriza em muitos cidadãos brasileiros porque não assumimos que nós
mesmos somos tão passivos, verdadeiros bundões, em lidar com essas e muitas
outras mazelas no dia-a-dia.
Ouso dizer que, ainda que um tanto agressiva,
a camisa da Adidas é perfeita. Assim como a antiga do Casseta & Planeta.
Para um país ímpar como o nosso, com tantos atributos positivos que poderiam
nos transformar numa verdadeira potência, a bunda anda mesmo sendo a nossa cara.
E enquanto a Copa do Mundo não chega e o Carnaval já está batendo em nossa
porta, em nome da “alegria” vamos nos “desbundar”. E continuemos vestindo o fio
dental... Ops! A carapuça...
Encontrar sexo é mesmo muito fácil por essas bandas (e bundas)
ResponderExcluirAcréscimo meu, Roberta Tavares - hehehe
Só que a bem da verdade, o 'eita povinho bunda' não é do pessoal do Casseta! nananinanão!!!! é do PASQUIM o antigo Pasquim do Francis, do Jaguar, do Ivan Lessa e do incomparável Millor Fernandes! eles que nos idos 70 fizeram essa alegoria! se o Casseta se apropriou, sem dar créditos, cagou no pau, plagiou!
ResponderExcluirSó que a bem da verdade, o 'eita povinho bunda' não é do pessoal do Casseta! nananinanão!!!! é do PASQUIM o antigo Pasquim do Francis, do Jaguar, do Ivan Lessa e do incomparável Millor Fernandes! eles que nos idos 70 fizeram essa alegoria! se o Casseta se apropriou, sem dar créditos, cagou no pau, plagiou!
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