“Todas
as coisas me são lícitas, mas nem todas elas me convêm”.
(Paulo
de Tarso)
Uma peça publicitária de uma marca
de preservativo na TV me chamou atenção. Mulheres dançando numa balada, uma a
uma, vão agarrando um ‘macho’ qualquer e, no take seguinte, usando calcinha e
sutiã, são “jogadas” na cama. A última delas é uma cantora de funk, famosa. E,
com cara de quem quer apenas prazer, tem o slogan finalizando: “viva a
pegação”.
A referida propaganda me traz visões
distintas. Se por um lado coloca a mulher como centro da liberdade sexual
(igualando-as aos homens nesse contexto), por outro estimula o sexo a qualquer
custo, desde que se use preservativo. Viva a liberdade de expressão. Viva o
direito de ir pra cama com quem se quer (seja homem ou mulher – e no caso das
mulheres serem o foco da propaganda, ponto pra quem a criou). Viva o
preservativo, meio eficiente de se evitar doenças e gravidez indesejada. Mas...
Viva a pegação?
Toda essa ideia de “transe com quem
quiser, com quantos quiser, quantas vezes quiser, mas use camisinha” começou
com a propaganda oficial. O Governo Federal, já há alguns anos, erra em se
preocupar com os fins, e nãos com os meios (ainda que acerte em estimular o uso
do preservativo, claro). Preocupa-se com as consequências dos atos, mas pouco
se interessa em educar a população. A promiscuidade sexual acabou se tornando
algo preocupante numa geração que, genericamente, ‘cresce’ praticamente sem se
interessar em conhecer o amor, travestindo-o de tão somente diversão sexual.
Não se trata aqui de ‘discursinho
politicamente correto’. Não. A liberdade sexual jamais deve ser confundida com
promiscuidade. Ser livre não é fazer o que se quer, mas o que se convém (numa
visão pessoal, própria de cada um). É preciso um mínimo de maturidade para se
relacionar sexualmente. As mulheres conquistaram o direito de igualdade, mas
não precisam repetir o ‘machismo’ que imperou durante tanto tempo, cuja alcunha
maior foi a expressão “caiu na rede, é peixe”.
Já passou a hora de se estimular uma
visão mais natural do sexo. Para ser adulto, não é preciso transar com quem
quer que seja. Antigamente, fumar e beber significava que o sujeito era homem
crescido. Hoje em dia, para meninos e meninas, transar ganhou idêntico
significado. E nem o álcool, nem o cigarro, nem o sexo define ninguém. Há muito
mais a se compreender além da dança dos corpos e da ânsia pelo gozo.
A escolha da artista que estrelou a
propaganda foi feliz. Uma cantora de funk fazendo propaganda de preservativo,
cujo slogan é “viva a pegação”: com todo respeito, nada mais emblemático para
nosso momento artístico-educativo-cultural...
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OBS.1: o meu romance “A Grande Ilusão”
oferece um aprofundamento dessa questão sexual. Quem quiser conferir, o livro
continua à venda nas melhores livrarias.
OBS.1: e já que Réveillon está aí, juízo,
pessoal, na hora de brindar o ano novo...