Perco-me no
vazio de mim. Sim. Esse vazio que me preenche vez em quando e me faz balão.
Pleno. Vazio. Flutuante. Repleto. Solitário. D’onde venho? D’onde vem?
Sou
partícula miúda do universo. Repleto. Vazio. Tudo. Nada. Espelho. E perco-me num
vácuo que teimo incompreender. Temo. Exteriorizo-me. Aí o pleno soa como razo.
E todas as cores – vazias e cintilantes – acinzentam aos meus olhos infantis. E
todo o glamour material de repente me inviabiliza. Zero em escala menor. Pareço
Deus, mas sinto-me mortal.
O nada
existe. O vazio pleno é real. Sou como alma invisível em corpo riste. E só o
olhar pra dentro me faz enxergar o oco vivo de mim. Com meus olhos de cores
vazias e cintilantes. Como escala de cinza viva em carvão sutil. Como balão
iluminado num céu de escuridão vívida. Quem sou, afinal?
Sou o mesmo
que tu. Vazio. Pleno. Real. Eu sou a metáfora flutuante do eu sou. Eu sou o oco
preenchido do universo. Sou o pleno invisível de nós. Eu sou, enfim, apenas o vazio
de mim - porque o nada, sim, é tudo...