sábado, 16 de fevereiro de 2013

Carnaval? Que nada...


Há coisas na vida que não têm preço. Momentos ímpares. Situações que só acontecem uma única vez. E é assim que pode ser resumida a sexta edição do Garanhuns Jazz Festival – em todos os seus quatro dias.

Impagável conferir a gaita endiabrada de Jefferson Gonçalves - e sua banda de alto nível - junto com a virtuose de Kiko Loureiro (guitarrista do Angra). Ou todo o carisma do ótimo Atiba Taylor (cujo CD que comprei no local anda me deixando de queixo caído!), que também fez uma participação pra lá de especial na apresentação do “incendiário” Tico Santa Cruz (da Detonautas), que tocou com a Uptow Band.

A excelente Igor Prado Band com a exuberante americana Tia Carrol foi arrasador. Também, o encontro elétrico entre George Israel (do Kid Abelha), Rodrigo Santos (Barão Vermelho) com um time de feras (Kiko Loureiro, Taryn, Kenny Brown, Cláudio Infante e o Projeto Batuque, entre outras feras). Ou ainda o feeling do encontro entre Lancaster, Big Chico, Adriano Grimberg e Nathalie Alvin – de primeira!

Sem falar na grata surpresa em conhecer os talentosos músicos de Garanhuns, como o “mágico” guitarrista Marcos Cabral (que não fica devendo a nenhum mago da guitarra), o samba de Alexandre Revoredo com o fantástico Zezinho da Sanfona (de Arcoverde), o jazz instrumental do Baião de Três, a fusão interessante dos Valvulados e o Projeto Batuque, que detonou com os bateristas Cláudio Infante e Gustavo Las Casas e o baixista Efraim Rocha.

O Batuque, por sinal, roubou a cena. E foi com esse maravilhoso grupo de percussão local que a maravilhosa Taryn e sua banda, juntamente com Kiko Loureiro, protagonizaram o ponto alto de todo o festival. Conferir “Rock’n Roll” e Black Dog”, ambas do Led Zeppelin, numa fusão pra lá de original, foi talvez o momento mais efusivo que este que vos escreve tenha visto. Momento daqueles que não têm preço. Ímpar. Que só acontece uma única vez.

Todo festival que se preza leva o diferente. Foi essa sensação ao conferir o som da Sol Alak (com um tango misturado) e de Sérgio Ferraz (com o seu experimentalismo ousado). Mais ainda com o projeto Jazzpira, que juntou a banda Três de Paus com a ótima Adriana Farias, fundido o mais autêntico jazz com músicas sertanejas de raiz. Diferentes propostas com resultados elogiáveis.

E como se não bastasse tudo isso, o último dia ainda juntou Andreas Kisser (do Sepultura) e Kiko Loureiro (do Angra), dividindo o palco com os ótimos Arthur Menezes, Jonathan Richard, Kleber Dias e Kenny Brown (que em seu show mostrou toda a essência do verdadeiro Blues), com participação de Adriana Farias – detonação total! Registre-se ainda o jazz refinado da ótima banda Delicatessen (do Rio Grande do Sul), cuja delicadeza e virtuose marcaram o público.

Garanhuns, assim, entra definitivamente no hall da música internacional. Ponto pra toda produção (com referência especial a Giovanni Papaléo e o prefeito Isaías Régis, que confirmou o Sepultura no Festival de Inverno em julho próximo).

É... Tem coisas que só acontecem uma vez na vida...

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O Amor e a Crise Bêbada


Sim. O amor não é essa crise bêbada a que nos habituamos a confundi-lo. Embriagamo-nos em sensações egoístas e fazemo-nos acreditar que isso é amor. Ledo engodo.

Amar, se não for difícil, não provém do amor. Não é amar. É embriaguez. Essa tal crise bêbada (repito) que nos deixa flutuantes, tontos, entorpecidos, encharcados de uma pseudoeuforia. É tortuoso o caminho do amor. Cheio de provações e desafios. E só ama de verdade quem se aventura a testar-se em todas as suas variantes.

Relacionamentos amorosos são a maior prova disso. Dois seres de sexos opostos ou iguais que se unem para toda uma vida – ou não. Quem suporta os defeitos alheios? Quem enxerga suas próprias mazelas? Quem se coloca no lugar do outro? Quem tolera? Quem perdoa? Quem cede? Quem abdica? Quem apoia incondicionalmente? Quem?

Num relacionamento amoroso (ou em qualquer outro tipo de relação - até com aqueles que desconhecemos), amar exige uma condição suprema. Ser mais divino do que humano. Ser mais o outro do que si próprio. Dar mais do que receber. Enxergar e também saber cegar-se. Suportar os momentos atribulados, sabendo que não se está mesmo só. Apenas amar.

Não estamos em tempos de desamor. Não. Esse tempo de agora somos nós que fazemos. E estamos dando a essa era o que somos: egoísmo, acomodação, orgulho, inconsequência. Todavia, esse continua sendo o tempo do amor – como todas as eras são. Mais sobriedade, contudo, é o que nos falta para compreendê-lo. Aí, certamente, faremos do mundo uma grande casa.

Sim. O amor não é essa crise bêbada a que nos habituamos...


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* E para entender melhor tudo isso, indico um dos melhores filmes do ano, em cartaz no Recife: “Amor”, de Michael Haneke. Assistam. Reflitam. E constatem que, amar, não é mesmo uma crise bêbada...

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=XrFIw_Trvyk