domingo, 16 de outubro de 2011

Miséria



Encanto. Essa foi a palavra que melhor resumiu o primeiro encontro de Cibele e Jair, na bela Aracaju. E o alagoano não mediu esforços para se fazer muito mais do que era para a carente sergipana.

Poucos dias se passaram. Primeiro, os beijos. Depois os amassos. A cama acabou sendo destino inevitável – e porque não dizer, inconsequente: a gravidez foi uma notícia nada agradável para ela, que aos 32 anos tornar-se-ia mãe de única cria, vivente num aperto daqueles. Para ele a aventura ia continuar, passando a ser talvez a maior nos seus 18 anos de vida, ainda que o dinheiro também lhe fosse curto.

Não tardou para que as brigas começassem. Primeiro sintoma de desequilíbrio, elas refletiam a contraditória união de necessidade e imaturidade, combinação nada feliz naquele contexto amoroso. O fogo da paixão que os arrebatara fora cedendo com o tempo, ante as diferenças outrora ignoradas. A relação, assim, foi-se amiudando e se espremendo entre aqueles corações desgovernados.

De crise em crise, o pequeno Lucas nasceu já sem pai. Jair nunca mais deu as caras. Sem emprego, dinheiro nem apoio, Cibele passou a pedir nas ruas, levando consigo seu bebê. Sentiram fome. Dor. Abandono. E o passar do tempo a fez sucumbir...


Quem vai julgar uma mãe que dá o próprio filho? Quem vai acusar uma mulher que tira a própria vida? Quem, em seu lugar, não se entregaria à miséria? Quem???