sábado, 4 de setembro de 2010

Nada de Nadar em Nada

Não sair. Tirar férias. Eis que a mente um dia tornou-se algo fértil. Sobre mim pesam as palavras. Sobre a mesa pesam as toalhas. Sobremesas deixam-me com vontade de comer novamente.

Os gases comem o ar e penetram em minhas veias. O barulho corrompe o que vejo, sem deixar nenhum rastro que seja. Perturbo-me com o nada. Calo. Desligo. ‘Off’ é o que apenas quero. Nada de nadar em nada. Nada de zumbido agora. Zonzo, sinto minha cabeça mergulhar em mim, como um inseto rumo ao fim do dia.

Deixo rolar. Sinto rolar. Quero rolar. Rolo. Rolo como um rolo rolando na parede. Tinta para lá e para cá, expressando o branco que somos, enfeitando a casa como se fosse ela verdadeiramente nós. E os quartos? As salas? Os banheiros? A cozinha? Preciso arquitetar-me com maior tenacidade. Afinal, sou muito mais que estas belas paredes sem vida.

Perdi o fio. Sentado na poltrona deixo que todas as letras da minha mente invadam minhas mãos. Como numa teia, meus dedos articularam o máximo que pude. Houve perdas, sem dúvida. Mas quem não perde... Sempre?