terça-feira, 3 de agosto de 2010

A Corrida e o Paradoxo de Viver

A verdade não existe. Tudo no universo é uma questão de ponto de vista. A vida e todas as suas fases, a morte, o mistério de apenas ser... Há de se explicar o paradoxo de estar vivo, mas nada atenua minha ânsia por explicações.

Eu sou um mistério. Vagam em mim todas as respostas, mas permaneço tentando encontrá-las. Cada etapa percorrida traz-me à tona em todas as minhas ambiguidades. Minhas verdades não são verazes, apenas me impulsionam a específicos pontos de vista, estreitos olhares baseados no meu ínfimo conhecimento do que é real. E embora procure sempre sorrir com pormenores, vivo focado em mim mesmo sob esse mistério chamado realidade.

A história continua. Vejo-me rodeado por questões ambíguas e não hesito em me deixar levar pelas minhas próprias divagações. Como um piloto de corridas desafio-me a todo instante, sem esquecer de como tudo começou. Regrido e vejo as engrenagens funcionando. A máquina está pronta. Na partida, adentro com entusiasmo e ponho-me a correr. Tornamo-nos – eu e a máquina –, apenas um. E, uma vez fundido, não encontro maneiras de voltar.

A quilometragem vai se multiplicando, projetando-me em situações diversas. Cada etapa percorrida parece-me fácil, ainda que tenha encontrado inúmeros obstáculos pelo caminho. Envolvo-me em acidentes. Chego a me perder em algumas etapas por descuidos inocentes. Bato de frente comigo mesmo e com outrem. Acumulo hematomas, cicatrizes e, principalmente, aprendizado... Mas a corrida não acabou.

Segui e ainda sigo, eu e minha máquina, persistentes, virando 365 curvas para cumprir cada etapa. Cada curva, assim, é um desafio contumaz para a conquista final. E quem serão os vencedores? Os que chegarem à frente ou os que conseguirem apenas chegar? A corrida continua...

Assim é o tempo: para uns, remédio; para outros, impiedoso destruidor de sonhos; para muitos, simples armadilha necessária para o viver. Eu sou tu. Tu e eu também somos nós. Eis aí o nosso mistério mais próximo e ao mesmo tempo mais inatingível: nascer, crescer, envelhecer, morrer... O que é a vida afinal, além desse intrigante paradoxo?