segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Mais Um, Menos Um...

“Quando você olhar para o relógio e ele estiver marcando ‘mais um... mais um’..., na verdade ele estará lhe dizendo: ‘menos um... menos um’...

A frase acima pertence ao Sr. Ferreira, personagem do filme Abril Despedaçado, de Walter Salles, película inspirada no livro homônimo de Ismail Kadaré. E embora na obra ela abranja uma situação específica, a sua aplicação na vida humana é contundente. O tempo passa. Os ponteiros seguem. E é nesse ‘mais um, menos um’, que construímos a nossa vida.

A ilusão do tempo foi a ferramenta perfeita encontrada pelo ‘desconhecido’ para ajustar o passo humano. A crença no imediatismo como remédio se desfaz ante o conta-gotas retilíneo e incisivo do andar do relógio. É cura. Experiência. Êxito. Tudo a longo prazo.

Nós, brasileiros, estamos vivendo um tempo marcado pela cobiça. A corrupção é a palavra de ordem – física, moral, intelectual. Uma maioria praticante, que acredita ser esse tempo definitivo. Que ignora a eternidade. Que se esquece do verdadeiro poder – esse sim, imperecível.

Em ano de eleições, a baixaria e a manipulação já invadem as caixas de e-mail. Notícias inverossímeis ou moldadas para tendenciar a opinião alheia. É a tropa querendo conduzir a manada. Camuflando as reais intenções por trás de tudo isso. Gente de ‘lados opostos’, mas de intenções afins quando o assunto é a regalia do poder e a mamata nas fartas tetas do poder público. Gente que anda esquecendo que o relógio anda - quer com chuva, sol, tempestade, terremoto, tsunami...

Estou atento. Olhando para o relógio. Ligado no que me cabe enquanto ser vivente ainda atrelado aos ponteiros. Mas não duvideis: estou fora dessa esculhambação toda. Sigo alheio ao cinismo dessa famigerada classe política. E assim continuarei (ainda que atento para fazer a minha parte no contexto cívico), repetindo a frase do Sr. Ferreira como um mantra em minha mente, direcionando-a para os protagonistas dessa ainda lastimável cena política tupiniquim:

“Quando você olhar para o relógio e ele estiver marcando ‘mais um... mais um’..., na verdade ele estará lhe dizendo: ‘menos um... menos um’...

E o conta-gotas retilíneo do tempo um dia vai me dar razão. Ah, vai...