quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A Regra Que Virou Exceção

“A honestidade é como a chita, há de todo preço, até a de meia pataca”. (Machado de Assis)


Antes se tratasse da Língua Portuguesa. Antes fossem apenas normas gramaticais – ou físicas, ou químicas, ou matemáticas. Mas, não. Infelizmente a questão é mais em baixo. É moral. E a exceção à regra é ser honesto.

O bom sujeito, outrora exemplo, era meta a ser perseguida, conjunto personificado de valores nobres cuja honestidade vinha em primeiro plano; agora é referência máxima de mediocridade, sinônimo de idiotia, desvalorização. Uma inversão de contexto bastante ‘apropriada’ para os tempos ‘modernos’.

Exemplo mais comum é encontrar algo de valor em locais públicos. Vez por outra essas atitudes isoladas ganham destaque na mídia, comprovando essa escassez de honestidade como valor social humano.

Caso recente aconteceu em São José do Rio Preto (SP), quando um trabalhador encontrou uma mala com cerca de 17 mil reais e, mesmo pagando uma casa cujas prestações poderiam ser quitadas com 16 mil, entregou o montante à Polícia. “Preciso de dinheiro, mas não o dos outros. Eu trabalho e vivo com o que ganho”, afirmou o homem que, reconhecido como exemplo pela mídia em geral, foi criticado por muita gente. Idiota? Homem de bem? Será que tais adjetivos são congruentes? De maneira alguma.

Não furtar, ser fiel a(o) companheira(o), dar a preferência a outro veículo no trânsito, ceder o lugar para uma pessoa idosa, respeitar a vida (humana, animal, vegetal, mineral)... Tudo isso, atualmente, é exceção. A regra agora é levar vantagem em tudo, como se isso fosse o mais importante na vida. E não é.
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Enquanto cada indivíduo não se enxergar no outro e não compreender a máxima da fraternidade, continuaremos nesse viés distorcido, vendo as boas regras tornarem-se exceção. Uma lástima.