segunda-feira, 25 de maio de 2009

O Assassinato de Sidney Nicéas


O tempo correra quase sem se perceber. Aí, ele já passava dos 30 anos de idade. Incomodado, percebeu que muito do que acreditava ser não passava de ilusão. Foi quando, de uma vez por todas, decidiu agir.

Disposto a tudo para conseguir destruir o que de ilusório havia em si, bateu de frente com sua própria persona. Lutas intermináveis o consumiram por anos a fio. Embates desgastantes que resultaram num prenunciado assassinato.

- Sidney Nicéas está morto!

A notícia se espalhou dentro do ser agora largado ao léu. Novas diretrizes foram inevitáveis: modificar hábitos, mudar a freqüência dos pensamentos, equilibrar o próprio interior, enfim, realizar a mais difícil alquimia, que é transformar o “eu quero ser” no “eu sou”.

Sidney Nicéas se foi. Descartado em suas faces mais sombrias. Ainda que não seja hoje totalmente o que deseja, assassinou o ser de outrora e iniciou os necessários passos para mudar a própria condição. Assassínio ou suicídio? Muitos se questionam, mas até hoje ninguém sabe ao certo. Todavia, um novo homem tem renascido dessas cinzas.

"Seja bem-vinda, dona Morte"! Essa é a expressão do momento. E quem não a deseja, assim, nesses termos?

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Mãe é Mãe. Ou não?


Deus fez a luz.
Minha mãe me deu a luz.
Presumo, então,
Que minha mãe é Deus
E que a luz sou eu.
Ou não?

Minha sogra é mãe.
Da minha mulher.
Presumo, então,
Que minha mãe também é sogra
E que eu tenho duas mães.
Ou não?

Minha mulher é mãe.
É também filha e esposa.
Presumo, então,
Que ela também é sogra
E eu dela irmão.
Ou não?

Bom... Sandices à parte,
Na verdade, arretado é ser mãe.
Presumo, então,
Que por isso mulher vira mãe,
Mãe vira sogra e sogra vira o cão.
Ou não?

domingo, 10 de maio de 2009

Um Sonho Quase Impossível


Jovens. A maioria de baixa renda. Grávidas. Cheias de esperança. Esse é o perfil de muitas candidatas à mãe, viventes na periferia recifense. Parte delas – 36 atualmente, todas residentes na capital pernambucana – integrantes do projeto Colméia, mantido pela Associação Espírita Casa dos Humildes.

A dura realidade cotidiana se mistura com a alegria e a esperança vivida com a gravidez, longe do (cada vez mais freqüente) desejo abortivo. A certeza da bênção que é gerar uma vida no próprio ventre. O conforto de contar com a ajuda de gente abnegada, que semanalmente se reúne no referido centro espírita com o único propósito de servir.

Estimuladas a escrever uma carta para o filho que ainda vai nascer, elas demonstraram um elevado senso de percepção da realidade. “Sabe filho (...) Na verdade, eu não esperava por você. Você veio no momento mais complicado da minha vida. Fiquei desesperada porque não sabia como aceitar você”, palavras de Dulciléa Lopes, 32 anos. “Com a ajuda dos meus amigos pude entender que você é especial (...) Me desculpe pelas tristezas e choros e dizer que eu não sou feliz. Mas é que a vida não é como queremos (...) Por isso, filho querido, seja bem vindo ao nosso lar, porque estamos à sua espera (...) Mamãe te ama, meu amor. Eu vou cuidar de você com muito carinho”.

As dificuldades financeiras, ainda que se mostrem obstáculos difíceis, não desanimam essas futuras mamães, como Karine Rodrigues, 22 anos. “Eu e seu pai estamos muito alegres e te amamos muito, mesmo antes de você nascer (...) No momento não temos condições de comprar todas as coisas que um bebê precisa, mas eu estou na ‘Colméia’ e seu pai está fazendo uns bicos pra comprar um berço, guarda-roupas e algumas coisas. Seus avós também ajudam. Mesmo com todas as dificuldades não vamos deixar nada faltar para você (...) Estamos muito ansiosos pela sua chegada”, escreveu.

Outras integrantes do projeto mostraram sensibilidade para ilustrar essa realidade. “Quando fiquei sabendo da sua chegada, não pude conter a minha alegria de saber que havia um ser em meu ventre (...) Jamais imaginei que sentiria essa alegria, pois, devido a problemas de saúde, achava que jamais poderia ser mãe”, expressou Andressa Ruscele, 16 anos. “Agora eu vejo que para Deus nada é impossível (...) Quando você nascer te levarei, meu filho, à casa do Pai, pois eu prometi isto a mim mesma. Quero te colocar entre minhas mãos e te levantar próximo a Ele. Quando isso acontecer, direi a Ele: ‘Pai, este filho é mais teu do que meu. Toma conta dele quando eu não estiver mais aqui”.

As cartas dessas mulheres (e de mais outras 23 gestantes) integraram um concurso literário, vencido por Karine Rodrigues (cujo trecho da carta está reproduzido acima) e promovido pela equipe que comanda o projeto, no qual este que vos escreve participou como jurado. Mais que letras dispostas num papel, permeadas por erros de português, mas inspiradas pela vida, os depoimentos revelaram que ser mãe no Brasil é uma realidade complexa – e para muitas mulheres, sem dúvida, um sonho quase impossível.

COLMÉIA- A Colméia Fraterna Yvone Pereira funciona há 14 anos na Associação Espírita Casa dos Humildes. De natureza filantrópica, o trabalho tem o comando de Zildete Pimentel, dona de casa que dedica grande parte do seu tempo ao projeto. E ela divide essa responsabilidade com outros 24 voluntários, dentre psicólogos, médicos, donas de casa e outros profissionais, que são carinhosamente apelidados de ‘abelhinhas’.

Os trabalhos compreendem atividades lúdicas, educativas e de lazer, além de oficinas. Tudo visando os enxovais, que são doados às próprias participantes. Lá, as gestantes ganham pontos nas tarefas desenvolvidas, bem como nos procedimentos pré-natais. “Ultrassom, consultas médicas regulares e cartão de vacina também contam pontos. Todas as alunas recebem peças para o enxoval, mas as que mais pontos somam ganham presentes outros, como banheiras e cestas básicas”, revela Zildete.

Mais que presentes e doações, as gestantes têm acesso a informações educativas, atividades manuais (como pintura e bordado) e orientação moral. “Aqui não importa a religião. Elas participam cientes de que estão colaborando com os enxovais umas das outras e mostram muita garra para aprender e participar”, explica Zildete, que define o objetivo maior à frente da Colméia: “Procuramos olhar o ser que estar para nascer e a gestante enquanto mulher, mãe, companheira, filha. Buscamos valorizar a pessoa. Queremos que ela saia daqui levando uma nova imagem de si e da própria vida”, concluiu.

SERVIÇO:
Colméia Fraterna Yvone Pereira – Associação Espírita Casa dos Humildes
Rua Henrique Machado, 110 – Casa Forte – Recife-PE
Informações: 3268.3954

sexta-feira, 8 de maio de 2009

O Botão do Pânico nas Américas


A gripe era suína.
Agora não. (é Influenza A)
As equipes mexicanas eram ilustres convidadas da Copa Libertadores.
Agora não. (estão fulas da vida...)
O jogo entre São Paulo e Chivas seria no México.
Agora não. (o medo da gripe é grande)
Nacional e San Luis se enfrentariam também no México.
Agora não. (idem)
A Colômbia e o Chile sediariam esses jogos.
Agora não. (e tome indefinição)

Tudo por conta do pânico generalizado que tomou conta do mundo, devido ao risco de epidemia da referida gripe. E não bastasse esse enorme obstáculo planetário, eis que a Conmebol continua a saga...

O jogo entre Sport e Palmeiras era na terça-feira.
Agora não. (a TV quer mandar de novo)
A Rádio Ilha podia exercer seu papel de rádio de arena nos jogos do Sport.
Agora não. (a do Palmeiras pode...)
Em abril, Recife era seguro para o Palmeiras jogar contra o Sport.
Agora não. (e ninguém fala nada...)
A Conmebol parecia uma entidade bastante organizada.
Agora não. (nunca vi tanta polêmica em tão pouco tempo)

Quem apertou o botão do pânico???

quarta-feira, 6 de maio de 2009

VENCEDORES DA PROMOÇÃO

Pois é. Decidimos premiar dois leitores dentre os participantes do Concurso de 01 ano do Blog De2em2... Confira os nomes abaixo, assim como a resposta que bolaram para a pergunta: O QUE É ESTAR VIVO, AFINAL?

1) Liane Pires (resposta mais interessante): “É ser feliz; sermos verdadeiros conosco mesmos, procurando encontrar sempre a nossa verdade pessoal; é viver de acordo com a nossa consciência, ou seja, ser livre dos preconceitos gerados pela sociedade que tanto nos oprime; é conseguir ter o discernimento de saber sempre até onde vai o nosso direito, não invadir o espaço do outro e também não ser invadido. Precisamos ser fortes e conscientes de nós mesmos. A ilusão seria viver situações que não condizem com a nossa verdade em prol da necessidade do outro, viver superficialmente, achando que está convencendo ao mundo de uma realidade que não é a nossa, isto é, infelicidade. A grande maioria das pessoas perde a própria referencia de si, daí tanta doença, depressão, pânico etc. A doença é gerada pela falta de harmonia entre a nossa essência (espírito, alma) e a nossa mente física, nossas atitudes contrárias ao que vem do nosso interior. Precisamos buscar o melhor caminho para chegarmos a nós mesmos e, quanto mais nos aprofundarmos neste caminho, melhor estaremos fisicamente e emocionalmente. Isso, sim, seria a felicidade. Viver é, sem dúvida, a melhor aventura”.

Pela longa, mas profunda resposta, Liane leva 01 par de convites para assistir a qualquer filme no Cine Rosa e Silva + 01 exemplar do livro “O Que Importa é o Caminho”, de Sidney Nicéas;


2) João Cavalcanti (resposta mais criativa): “Estar vivo é ter que ver os e-mails dos colegas e responder os interessantes pra ganhar prêmios...”.

Pelo bom humor e criatividade, João leva 01 par de convites para assistir a qualquer filme no Cine Rosa e Silva.


Agradecemos a participação de todos. E aguardem porque, em breve, teremos mais promoções no Blog De2em2...

Para não perder o embalo, deixo no post abaixo a minha resposta para a pergunta que motivou a promoção outrora encerrada. Quem quiser pode estender a ‘brincadeira’, deixando um comentário...

O Que é Estar Vivo, Afinal? (a minha versão)


Mais que descerrar as pálpebras,
Que tragar pelas narinas o ar,
Mais que pensar efusivamente,
Falar, comer, ou andar,
Estar vivo é simplesmente SER:
Essa intrigante essência crua,
Criador e Criatura
Num corpo de carne ambulante,
Pois mais que ‘estar vivo’,
É preciso SER vivo...
E isso eu tento ser a todo instante...

domingo, 3 de maio de 2009

Fique São


Ruas desertas em pleno expediente semanal. Pessoas mascaradas (aonde ainda há aglomeração humana). Autoridades decretando estado de emergência. Nações tementes, à beira de uma pandemia. Não... Isso não é mais uma história de ficção.

O futuro chegou! O futuro... Caos tão apregoado no passado como algo distante, quase impossível de acontecer. O presente, talvez, sem futuro. O presente da comunicação sem fronteiras, do Blue-Ray, do sexo virtual, dos casamentos apartados, do permanente monitoramento do cidadão, das epidemias...

A gripe suína é mais um fato outrora anunciado, fruto de um sistema onde o capital fala mais alto que a saúde e o bem-estar da população. Onde as doenças surgem oriundas de culturas agressivas ao meio ambiente e se espalham com voracidade. Que colocam o nosso sistema em cheque e que, mesmo assim, são colocadas como algo que simplesmente ‘aconteceu’. Onde estão os responsáveis por algo tão perigoso?

Foram tantos os prenúncios: bebês voando pela janela, como que nos indagando: “o que estamos fazendo com o nosso próprio futuro?”; Tsunamis invadindo cidades, como que avisando: “cuidado com o que estão fazendo com o planeta”; aí chega a gripe suína, insinuando: “onde vocês estão querendo chegar?”.

Essa é a questão. E nesse presente que futuro um dia foi – o momento da conquista do espaço, dos relacionamentos virtuais e da violência incontrolada –, vemo-nos diminutos, insensíveis, incapazes. Será a Era que já era? Quem tem a resposta?

Não duvideis: o futuro chegou, trazendo consigo a incerteza do amanhã. E nessa Era de ficção, fique são... Se puder...