terça-feira, 29 de julho de 2008

Candeeiro Encantado


Quem foi o denominado ‘Rei do Cangaço’? Herói ou vilão?

Nascido em 1898, Virgulino Ferreira foi uma criança normal e um adolescente trabalhador, ajudando com a lida nas terras da família. O pai, José Ferreira, era cidadão pacato. A mãe, Maria Lopes, uma dona de casa de temperamento forte e que sempre ensinou aos filhos não baixar a cabeça pra ninguém.

Cansado da miséria e do descaso das autoridades com o seu povo, Virgulino decidiu entrar para a luta após o covarde assassinato do seu pai. Ele, na época, teria dito: "A partir de hoje vou lutar até morrer". Assim nascia Lampião e o mais temido bando do Cangaço, dedicado a combater a miséria e a opressão através do medo e da força. Nesse sentido, vale salientar que o Cangaço foi, antes de tudo, um movimento social, especialmente contrário à política de latifúndio e às condições sociais da região (se hoje ainda está essa bagunça, imagine há 70 anos atrás?).

Lampião e seu bando promoveram saques a fazendas, atacaram comboios, seqüestraram fazendeiros, usaram da violência para conseguir respeito junto à população - esta, por sinal, vivia dividida entre a sensação de ter um ‘herói revolucionário’ e um justiceiro cruel e sanguinário. E essa vida nômade e arriscada findou em 29 de julho de 1938, quando, numa emboscada, Lampião, Maria Bonita e outros cangaceiros foram assassinados a tiros e tiveram suas cabeças decepadas e expostas em locais públicos.

Com a morte nasceu o mito. Setenta anos após seu falecimento, Lampião ainda figura na história brasileira como um ser ímpar, dotado de muita inteligência tática e senso social. E como qualquer mito, muitas inverdades já foram contadas a seu respeito. Contudo, uma coisa permanece intacta: o orgulho de grande parte do povo nordestino de um cabra macho que lutou pela justiça, ainda que do seu modo sangrento. É como disse Lenine na música ‘Candeeiro Encantado’:

“Já foi-se o tempo do fuzil papo-amarelo
Pra se bater com o poder lá do sertão
Mas Lampião disse que contra o flagelo
Tem que lutar com o parabelo na mão”...