sexta-feira, 16 de maio de 2008

Ruína


Olho pela janela. Os pensamentos vagueiam no vazio que preenche o ar. A chuva cai, lavando a alma do planeta.

Enquanto cá as gotas d’águas se multiplicam, a terra treme do lado de lá. Sacode corpos e areia. Move o mundo. Gira a vida humana na contramão. Num segundo, tudo mudou. A matéria virou escombro. O dinheiro, ilusão. A vida, enfim, prioridade.

A sociedade soterrada mostra-nos o caminho que tomamos. Aí, gestos solidários rasgam o solo e brotam do chão ainda trêmulo. Agora sim, se fala em humanidade. Sob a terra se percebe a imensidão - sangue virou bênção; pedra e areia, não.

E enquanto lá os corpos se multiplicam, os pensamentos permanecem. O meu coração treme e os meus olhos gotejam inquietude. O que posso fazer, senão ruir?