quarta-feira, 14 de maio de 2008

Macho!


Macho. Eis um termo (para mim) unissex. Macho de coragem, ousadia, arrojo para encarar os desafios. E esses atributos não são exclusivamente masculinos, como o termo pressupõe.

Existem mulheres muito mais ‘macho’ que homens - talvez até em maior número. Mulheres que sabem ser valentes sem serem violentas. Que enfrentam um perigo iminente para salvar suas crias. Que utilizam a sabedoria ao invés da força bruta.

Ontem, o mundo ‘descobriu’ Irena Sendler. Pense numa mulher macho! Desafiou Hitler debaixo daquele bigode ridículo, salvando 2.500 crianças judias do terror nazista, no Gueto de Varsóvia. Foi descoberta no ciclo final da guerra e, mesmo brutalmente torturada, não delatou seus companheiros, muito menos revelou o paradeiro dos meninos. Condenada à morte, salvou-se da execução após alguns aliados de movimento subornarem os executores.

E a ajuda de Irena não se resumiu a despachar a criançada para fora da Polônia ocupada. Ela anotava o nome de cada uma delas num pedaço pequeno de papel (juntamente com breves informações sobre o destino das mesmas) e enterrava, dentro de um pote, no fundo do quintal da sua casa. Assim, no pós-guerra, foi possível ajudar a muitas das crianças a reencontrar suas famílias (as que sobreviveram, evidentemente).

Mulher macho! Hoje, aos 97 anos de idade, lamenta não ter ajudado mais pessoas. Sentada na sua cadeira de rodas, vitimada pelas seqüelas do que sofreu na prisão nazista, revelou uma frase, dita pelo seu pai, que marcou a sua infância e que, pelo visto, marcou toda a sua vida: “Ajude sempre a quem estiver se afogando, sem levar em conta a sua religião ou nacionalidade. Ajudar cada dia alguém tem de ser uma necessidade que saia do coração”.

Eita mulher macho da gota! Quem sabe um dia chego lá...