sexta-feira, 25 de abril de 2008

Boa Viagem


Boa Viagem... Dependendo do ponto de vista. A caminho do aeroporto, cruzei o movimentado bairro recifense, desbravando suas pavimentadas entranhas na ânsia de logo pegar o avião. E segui.

No percurso, inúmeras esquinas visualizei. E mais que qualquer paisagem urbana, percebi o inquietante fruto social humano: a prostituição. Disfarçada de mulheres e travestis, exibia-se com uma agressiva sede de sexo. Ainda que pensativo, segui.

Alheio a qualquer possível julgamento, pus-me a pensar no tipo de vida que se leva nas esquinas da vida. Pensei nos seres humanos que vendem seus corpos para sobreviver (e nos que os compram). Pensei naqueles que, ocultos, lucram com esse tipo de exploração. Pensei nos familiares (nos que estão vivos, que admitem ou desconhecem a realidade dos seus). Pensei, também, nos frutos dessas relações físico-financeiras (crianças, fetos abortados ou órfãos de pai). E continuei seguindo.

Agora, em pleno avião, desbravando os ares da linda ‘Veneza Brasileira’, persisto nesses registros que a minha mente estimula. E enquanto sigo, penso na Boa Viagem - na minha, no bairro e na dos frutos viventes nas suas esquinas. Até quando estaremos nessa encruzilhada?

Continuo pensando. E sigo...