sábado, 8 de março de 2008

Distorções de um Mundo Dividido

“E assim Deus criou a mulher”...
(ecos sobre a fantástica alegoria de Adão e Eva)

- Dizem que a expulsão do paraíso aconteceu após a primeira TPM de Eva - Adão que o diga!

- Dizem que o pecado original surgiu da zoofilia – Adão não agüentou o breve jejum sexual, quando Eva menstruou pela primeira vez, e créu (!) no pobre do burrinho...

- Dizem que Adão foi o primeiro ‘corno’ do mundo... (claro que foi o burrinho que ‘chifrou’ ele, né???)

- Agora, falando sério, dizem que Deus criou a mulher para ser tudo o que Ele É... (por isso elas são tão maravilhosas...)



08 de março, Dia Internacional da Mulher. Inevitável enaltecer a força do sexo feminino no mundo. A sensibilidade nata no foco preciso - maravilhosamente expressa no inquestionável sexto sentido -, o dom materno, a sensualidade, a delicadeza, a absoluta habilidade em se dividir sem perder a própria unidade; a capacidade de ser atraente e sexy sem ser vulgar - a não ser quando quer -, o tino administrativo aguçado, a beleza única em todo universo... Eis, aqui, o meu olhar sobre o fantástico e intrigante sexo feminino.

Olhando por esse prisma, evidente que a data se fundamenta - até porque ela se originou em homenagem a centenas de operárias americanas, massacradas em meados de 1800. Contudo, esse festejar internacional revela a ainda fragilidade nas relações sociais humanas. A sociedade engatinha na questão da justiça e da igualdade: patina na relação homem e mulher, escorrega feio na questão da homossexualidade e ainda se machuca pra valer nas relações inter-raciais.

Nesse contexto, desnecessário é dizer que o Dia Internacional da Mulher será, um dia, dispensável - assim como todas as outras datas surgidas em nome da igualdade e da justiça. Não tenho dúvidas que, no amanhã, quando entendermos enfim o que é viver em coletividade, esses festejos perderão vez. Aí não teremos mais esses dias comemorativos, recheados das distorções do nosso mundo dividido; seremos justos e iguais todos os dias com o nosso semelhante: homens, mulheres, homossexuais, negros, brancos, adultos, crianças, ricos, pobres...

Mas, enquanto essa época não chega, sigamos nos esforçando, hoje, para estender a idéia de cada comemoração em nosso dia-a-dia, tratando todo e qualquer ser humano com respeito, dignidade e igualdade. Por isso mesmo, façamos das mulheres companheiras de jornada, como na verdade são, indispensáveis para o mundo que queremos ter.

E obrigado, ‘deusas na carne’, por assim existir...