sexta-feira, 30 de maio de 2008

As Grades Existem

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As grades existem. Reais. Virtuais. Morais...
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Ontem, dois veículos de massa veicularam matérias que revelam o atraso nas nossas relações sociais. Mais, da incrível permanência, nos tempos atuais, do desrespeito à mulher.
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Na primeira, o Jornal do Commercio, ao comentar o lançamento do livro de uma ONG sobre o sexo feminino e a AIDS, revelou a situação de muitas mulheres infectadas pelos seus parceiros e que foram abandonadas, sofrendo com o desprezo. Num exemplo, mostrou o drama de uma que fora abusada pelo pai, abandonada aos 9 anos de idade, prostituída, contaminada, novamente abandonada, achincalhada, descartada.
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Na outra, o Jornal da Globo, numa seqüência de matérias sobre o sistema carcerário brasileiro, mostrou a dura situação de presidiárias que se envolveram com o tráfico de drogas - a maioria delas por influência do parceiro - e acabaram presas. Pior: engravidaram e deram à luz no cárcere, encontrando todas as dificuldades para apenas ser mãe - e os filhos, conseqüentemente, semivivos, semi-órfãos, semi-encarcerados.
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Dinheiro, aceitação, manipulação, prazer, dor, vergonha, desprezo, morte. A droga encarcera. A AIDS inflige. O preconceito priva. O abandono mata. E permanecemos nós viventes em mundos paralelos, entrecortados, como um condomínio mordaz repleto da miudeza que somos.
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As grades existem. Reais. Virtuais. Morais...

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Palavras de Uma Mente Oca


Olho para mim mesmo e não encontro uma idéia sequer para aqui desenvolver. Fecho os olhos... Busco a escuridão iluminada que em meu âmago reside. Persisto. Nada... Minha incapacidade momentânea é inconteste.

Tento. Não apreendo idéia alguma, mas o pensamento não cessa. Vejo a sensação de vazio que aperta o meu peito, a lembrança amarga dos revezes de um dia atribulado, a frustração de não conseguir falar objetivamente através da escrita. Eita silêncio danado!

Inspiração é o que falta. A mim e, ao que tudo indica, a praticamente toda humanidade. A vida parece que se repete a cada dia, apesar de trazer em si a bênção do recomeço. O que será que anda faltando?

De onde estou, permaneço a me olhar. E, assim, parto emudecido de idéias, mas desejando momentos melhores - a mim e ao mundo sem inspiração que me rodeia. Adeus...

Duplo Sentido


Dia desses me peguei pensando no quão é rico o nosso contemporâneo mundo em duplo sentido. Senão vejamos:

O seringueiro vive tirando leite do pau.
O altruísta vive dando aos pobres.
A cozinheira detesta pó... mas vive cheirando as panelas.
O lenhador não pode ver um pau em pé.
O avicultor adora um pinto.
O gravador adora uma mídia virgem.
O fumante adora o tabaco.
O não-fumante D-E-T-E-S-T-A.
O verdureiro vive pegando na cenoura. E no pepino. E na macaxeira...
O padre adora tomar no caneco (vinho).
Já a freira não perde o hábito.
O orador vive com a boca no microfone.
O golfista vive metendo as bolas no buraco.
O meio-campista, no futebol, adora meter as bolas no atacante.
Já o zagueiro detesta enfiada por trás.
O taquista vive pegando no taco.
O político adora uma sacanagem.
A maioria da população come frango.
A minoria prefere VERdura.
O bombeiro trabalha pegando na mangueira.
O pipoqueiro, metendo a mão no saco.

Mundinho estranho esse, não? E eu me inspirando nele, já que não tinha idéia melhor para escrever. Vá lá entender!!!

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Enquanto o Mundo Explode


A Phoenix se foi. A gente, então, que se vire...

Diz a lenda que a fênix renasceu das próprias cinzas. Hoje, a Phoenix não mais está na Terra. Partiu assente para o planeta vermelho, numa bem sucedida missão da NASA. Talvez para tentar se refazer de outras ‘cinzas’, já que aqui o homem insiste em se destruir - o batismo da sonda espacial, assim, nunca foi tão apropriado.

Enquanto a sonda americana inicia sua exploração em Marte, aqui o homem permanece sugando o planeta. No Brasil, até os índios entraram na guerra. E empunharam suas armas para enfrentar a sede de ‘progresso’ do homem branco. (Brancos e índios... Em que época estamos, afinal?)

O passado invade o presente e o presente toca o futuro. O ser humano segue buscando outros mundos, mas sequer aprendeu a conviver em harmonia em seu próprio planeta. E com esse viver antagônico, me pergunto: aonde vamos parar?

A Phoenix se foi. A gente, então, que se vire...

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“Mas enquanto o mundo explode, nós dormimos no silêncio do bairro, fechando os olhos, mordendo os lábios... Sinto vontade de fazer muita coisa...” (Chico Science)

Cem Anos, Sem Nada

Cem vidas sem vida,
Cem letras sem escrita,
Cem palavras afônicas,
Sem corpo nem grafia.

Cem desejos reprimidos
Cem números, sem tabuada
Sem coragem, cem motivos
Cem anos, sem nada.

Cem... Sem...
O que tenho?
O que perco?
O que sou?



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O chão continua a tremer na China. Embora permaneça absorvendo vidas, a terra nos mostra a cada dia que nada nesse mundo é casual. E os efeitos das tremedeiras vão ecoando...

O resgate, na semana passada, de uma senhora de 100 anos de idade, surpreendeu. Os 11 dias de isolamento numa montanha não abalaram sua vitalidade. O leve sorriso no rosto enquanto era conduzida para os devidos cuidados médicos, pareceu revelar sabedoria: o valor à vida (quase ceifada) sobrepujando a perda dos bens materiais.

Cem anos de idade... A centenária senhora reviveu, ao que parece, consciente de que deixou para trás tudo aquilo que menos tinha valor na sua vida - a exemplo do que acontece quando se morre. Cem anos de vida, sem preocupações com a morte. E os efeitos das tremedeiras vão ecoando...

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Eu Não Tenho Valor!



Ontem estive na Câmara Municipal do Recife, a trabalho, ocasião em que o prefeito João Paulo recebeu o título de Cidadão Recifense. Excetuando a bonita trajetória pessoal do homenageado, o que vi foi um ambiente ‘inflacionado’. O valor distorcido da maioria - que margeia o outro por interesses meramente mundanos - tornou o ambiente, aos meus olhos, sofrível.

É que tem gente que só dá ‘valor’ a quem tem ‘valor’. Mas, que ‘valor’ é esse que desvaloriza quem não o tem? Será que João Paulo teria tanta gente o ladeando se ainda fosse o cidadão pobre do Ibura?

Baseado nesse painel, não tenho dúvida em afirmar: eu não tenho valor! Não sou moeda corrente, ser contabilizável de acordo com a tendência do mercado. Eu não sou capital humano, nem poupança de alienado, muito menos montante monetário. Eu não tenho valor!

Assim, que ninguém venha a mim com esses interesses falsificados. Que venha pela pessoa que sou, pelas possíveis afinidades, por conta de coisa qualquer que não seja imbuída desse tipo de ‘valor’. Não for por esses meios, o risco de inflação será iminente - e a ‘bolsa de valores’ pode ‘quebrar’.

Valor... O que significa tê-lo? Vale a reflexão.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Sustância


O mundo tem sede de justiça, mas onde estão os justos?
A sociedade tem fome de paz, mas onde estão os brandos e pacíficos?
O planeta clama pelo próprio equilíbrio, mas onde estão os seres humanos?

Dia desses escutei por acaso um ditado antigo: “Falar é fácil, cagar é sustância!” (a sabedoria popular é fantástica...). E esse singelo dito resume bem a habilidade humana de falar muito e fazer pouco.

Concordo! Por isso mesmo, não vou falar mais nada aqui nesse post. Vou continuar tentando fazer mais no dia-a-dia: ser mais justo com todos (principalmente com os que convivo), mais pacífico em minhas ações, mais equilibrado nas minhas escolhas, mais consciente do meu papel nesse planeta. Vou, sim, continuar tentando.

Chega de ‘cagar’! O negócio agora é ‘sustância’...

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Ei, pessoal! Olha a frescura, oxente! “Cagar” está no dicionário. “Sustância” também...

Rio

Rio...

Águas que me fazem
Expor os dentes.
Rio dos córregos
Que me margeiam.
Rio do riso cristalino.
Rio do rio
Que em mim percorre.

Rio...
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Tela do artista Siro Anton (reprodução)

Olho pro leito do imenso rio da vida e rio dos que pensam que suas águas são fragmentadas. Rio dos preconceitos. Rio da indiferença. Rio dos tolos que se acham melhores apenas porque vivem ‘mais pra lá’ do leito.

Ontem a Globo exibiu novo capítulo da novela das oito (?). Nele, um dos personagens saiu do Rio (de Janeiro) e viajou para Igarassu, em Pernambuco. Lá reencontrou sua mãe, vivente numa favela degradante (diferente da favela de ‘lá’, glamourosa, repleta de uma pobreza fashion - diferente da favela pernambucana, retratada com uma pobreza triste). Só esqueceram que o rio (da vida) é um só - e que aqui as águas também têm seus encantos.

Hoje, tive acesso a comentários de torcedores do Vasco (RJ) denegrindo os nordestinos (assim como fizeram torcedores do Palmeiras-SP e do Internacional-RS), por conta do confronto de logo mais com o Sport pela Copa do Brasil. ‘Rio dos tolos que se acham melhores apenas porque vivem ‘mais pra lá’ do leito’...

Rio da pobreza humana. Rio da desfaçatez. Rio do pretenso senso de poder. Rio desse rio pueril. Apenas rio...

segunda-feira, 19 de maio de 2008

O Tomate e o Caqui



O fruto e a fruta. Coisa linda a natureza...

Os tomates e os caquis são antigos companheiros de jornada. Desde os primórdios, descritos alegoricamente na Bíblia, eles tentam conviver em harmonia, cada qual com suas peculiares características. E, ao que parece, foi com o episódio da maçã que tudo se complicou...

De lá até aqui, muita coisa mudou. Os tomates danaram-se a desbravar o sexo oposto. Não satisfeitos com uma única fruta, pularam cercas, multiplicaram seus relacionamentos, enfim, subjugaram os caquis, inclusive, socialmente.

E os tempos continuaram mudando. Os caquis iniciaram uma revolução. Ganharam espaço, reivindicaram direitos, conquistaram liberdade, lutaram contra a discriminação. Daí iniciaram um processo de igualdade em relação aos tomates, só que nivelando tudo por baixo.

Ambos tornaram-se muito mais fúteis que livres. Disputam quem ‘come’ mais, quem bebe mais, quem ‘gréia’ mais. Aí a maçã, que nos primórdios balançou o coreto, voltou disfarçada de vírus. Tomates e caquis passaram a se contaminar irresponsavelmente. A promiscuidade teve um preço. E continua cobrando alto.

Hoje, essa relação permanece um tanto delicada, mas contundente. Tomates e caquis se multiplicam, se amam, se odeiam, se casam, se separam, se complementam. Enfim, constituem uma relação divina, cuja conseqüência é a continuidade da própria vida humana.

O fruto e a fruta. Coisa linda a natureza...

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Legendas: as fotos que ilustram esse post são verdadeiras: o tomate, imagem retirada da web; o caqui, foto clicada por Sérgio Gomes e enviada para mim - que furo erótico-editorial, hein Sérgio?

Português: Caqui é um fruto, substantivo masculino, embora eu o tenha chamado de fruta, associando-o ao sexo feminino. E daí? Esse caqui é ‘meu’ e eu trato ele como quiser, oras!

:)

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Ruína


Olho pela janela. Os pensamentos vagueiam no vazio que preenche o ar. A chuva cai, lavando a alma do planeta.

Enquanto cá as gotas d’águas se multiplicam, a terra treme do lado de lá. Sacode corpos e areia. Move o mundo. Gira a vida humana na contramão. Num segundo, tudo mudou. A matéria virou escombro. O dinheiro, ilusão. A vida, enfim, prioridade.

A sociedade soterrada mostra-nos o caminho que tomamos. Aí, gestos solidários rasgam o solo e brotam do chão ainda trêmulo. Agora sim, se fala em humanidade. Sob a terra se percebe a imensidão - sangue virou bênção; pedra e areia, não.

E enquanto lá os corpos se multiplicam, os pensamentos permanecem. O meu coração treme e os meus olhos gotejam inquietude. O que posso fazer, senão ruir?

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Macho!


Macho. Eis um termo (para mim) unissex. Macho de coragem, ousadia, arrojo para encarar os desafios. E esses atributos não são exclusivamente masculinos, como o termo pressupõe.

Existem mulheres muito mais ‘macho’ que homens - talvez até em maior número. Mulheres que sabem ser valentes sem serem violentas. Que enfrentam um perigo iminente para salvar suas crias. Que utilizam a sabedoria ao invés da força bruta.

Ontem, o mundo ‘descobriu’ Irena Sendler. Pense numa mulher macho! Desafiou Hitler debaixo daquele bigode ridículo, salvando 2.500 crianças judias do terror nazista, no Gueto de Varsóvia. Foi descoberta no ciclo final da guerra e, mesmo brutalmente torturada, não delatou seus companheiros, muito menos revelou o paradeiro dos meninos. Condenada à morte, salvou-se da execução após alguns aliados de movimento subornarem os executores.

E a ajuda de Irena não se resumiu a despachar a criançada para fora da Polônia ocupada. Ela anotava o nome de cada uma delas num pedaço pequeno de papel (juntamente com breves informações sobre o destino das mesmas) e enterrava, dentro de um pote, no fundo do quintal da sua casa. Assim, no pós-guerra, foi possível ajudar a muitas das crianças a reencontrar suas famílias (as que sobreviveram, evidentemente).

Mulher macho! Hoje, aos 97 anos de idade, lamenta não ter ajudado mais pessoas. Sentada na sua cadeira de rodas, vitimada pelas seqüelas do que sofreu na prisão nazista, revelou uma frase, dita pelo seu pai, que marcou a sua infância e que, pelo visto, marcou toda a sua vida: “Ajude sempre a quem estiver se afogando, sem levar em conta a sua religião ou nacionalidade. Ajudar cada dia alguém tem de ser uma necessidade que saia do coração”.

Eita mulher macho da gota! Quem sabe um dia chego lá...

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Sentença (e o Dia das Mães)

Passava eu de carro por uma movimentada avenida recifense, quando vi a seguinte frase pichada num muro: “Proteja seus filhos das putas!”. Ops! Tem algo a mais ou está faltando alguma coisa nessa sentença?

Teria sido realmente algum fanático religioso demonstrando um puritanismo hipócrita, discriminando as meretrizes: “Proteja seus filhos das putas!”. Ou uma cidadã revoltada com as autoridades, reprimindo-as e exigindo atenção (e suprimindo uma única pontuação): “Proteja, seus filhos das putas!”?

A bem da verdade, a bendita frase soou em mim como um ‘quê’ de enxerimento, como se na verdade me dissesse algo inacabado: “Proteja seus... filhos da puta!”. Nossos o quê? O que é que nós precisamos proteger? Confesso que fiquei curioso.

Como? Você está achando tudo isso uma bobagem? Então lá vai outra conjuntura para a sentença mencionada - agora sem mistério algum: “Proteja seu bom humor, filho da...”!!! (Cuidado com o que vai colocar nesse final, viu?)



Aproveitando o bom humor do texto acima, deixo um grande beijo a todas as mães, mulheres divinas, fundamentais para a continuação da espécie humana - inclusive as mamães das meretrizes, dos árbitros de futebol, daquele imbecil que vive dando trancão nos outros no trânsito, daquela ex-namorada que te meteu um chifre...

Saudações a todas!!!

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Poder

Se poder é poder,
Então você pode.
Se formar é formar,
Então se forme.
Se inovar é mudar,
Então inove.
E se isso nunca terminar,
Então não me amole!
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Eu posso. Você pode. Todos podem. Na verdade, tudo pode, mas nem tudo convém. E poder ter poder é algo que vai muito além desse jogo de palavras.

O homem persegue o poder. Abusa dele. Explora. Cresce às custas do pequeno. Acredita que o ápice terreno é o cume da vida material. Faz e desfaz. Imagina ser tudo e termina lá em baixo, sob a terra fria, corpo a corpo, indistintamente, como (e com) todo e qualquer mortal.

O presidente pode comprar o que quiser com o seu cartão corporativo. A famosa modelo pode fazer o que quiser na praia com o namorado. O renomado jogador pode fazer o que bem entender num quarto de motel. Os pais de classe média alta podem fazer o que quiser com a filhinha. O jornalista pode dizer o que quiser no seu veículo de comunicação. Mas, será que podem mesmo?

Claro que podem! Porém, nem tudo convém, seja por questões de leis humanas, seja pelo bom senso moral. Eu, Por exemplo, posso terminar minhas palavras aqui e agora, sem dar qualquer tipo de satisfação. Posso sim! E você pode interpretar isso do jeito que bem entender.

Pode???

quinta-feira, 8 de maio de 2008

A Mulher e o Diabo

“Mulher é coisa do diabo!”, dizia Seu Zé, motorista de táxi, enquanto me conduzia ao hotel na manhã de hoje. “Até a costela de Adão a danada roubou. A minha, então, rouba a minha paz há mais de 20 anos”, prosseguiu. E findou com uma pérola: “Casar com a mulher é pedir ao demônio um taquinho do inferno cá na Terra!”.

Seu Zé estava arretado. Mesmo sem saber suas ‘razões’, fiquei somente a escutar os impropérios que da sua boca saíam - e a rir deles. Na verdade, ele estava parecendo uma mulher na fase da TPM: nervoso, irritado, queixoso, inquieto, chato, impaciente...
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Comparar a mulher com o diabo pareceu exagero. Ops! Será mesmo?


Como é gostoso brincar com as diferenças! Nesse caso específico, traçar um paralelo entre a mulher - ser biológico complexo e extraordinário - com o diabo - uma divertida alegoria humana sobre o mal - nada mais é que um exercício de humor. Senão vejamos: par de chifres, rabão, olhos penetrantes, língua de fogo, persuasão infalível...

Claro, mulheres, que estou brincando. Do denominado diabo, a mulher não tem nada - exceto a tendência ao fuxico, a inclinação ao controle das vidas que a cercam, os rompantes de fúria durante a menstruação, a indisfarçável tendência ao mau humor...

Calma, mulheres! Eu continuo brincando! A mulher e o diabo são bem diferentes, sim. Sem eles, o mundo seria totalmente diferente - não haveria brigas, nem divórcios, nem pagamento de pensão, nem feminismo, nem AIDS, nem TPM...

Está bem! Está bem! Vou parar essa brincadeira por aqui, ok? Contudo, antes que algumas das minhas estimadas leitoras me abandonem ao léu (inclusive a minha amada esposa), findarei confessando uma coisa que ninguém pode negar: a mulher e o diabo são fundamentais - o diabo, para entreter os medrosos; e a mulher, para iluminar os homens.

Eita ‘bicho’ bom danado!!!

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Imbróglio

Como.
Como?
Como também!
Como?
Como o que?
Como o que o que?
Não entendeu?... Nem eu!



Alguém disse “a”, outro entendeu “b” e a confusão ‘tava’ feita. Num mundo onde os homens ‘engolem’ as letras das palavras, falta entendimento e sobram desavenças.

‘Virgem Maria’ virou ‘vige’, que acabou ficando ‘vixe’. ‘Oh! Gente!’ virou ‘oxente’. ‘Você’ virou ‘cê’. ‘Por favor’ virou lenda. ‘Com licença’ só para quem porta documento especial. ‘Obrigado’ só para quem faz algo forçado. ‘Bom dia’ quando se ganha algo no período matinal. E o ‘diálogo’, presente divino para o entendimento humano, virou palavrão.

Dia desses quase apanho na rua. Ao parar num semáforo avermelhado, um rapaz se aproximou do carro falando algo e gesticulando brandamente. Vidros fechados, não entendi o que ele dizia e, instintivamente, balancei o dedo na negativa, pois ‘tava’ sem dinheiro. ‘Pra’ que? O cara ficou revoltado... Na verdade, o pedestre queria apenas me avisar que a porta do meu carro não estava bem fechada. Contudo, sua boa vontade logo se transformou numa raiva atroz. ‘Vixe’! Fiquei amiudado...

Bom senso e entendimento também viraram palavrão. Ainda bem que aqui, agora, estamos nos entendendo. ‘Tô’ engolindo palavras aqui e acolá, mas ao menos continuamos em harmonia - se bem que não estamos frente a frente, senão, quem sabe o que poderia rolar, não é mesmo?

O que? ‘Tá’ achando esse papo imbecil? ‘Ó’: é melhor eu ir parando por aqui. Do jeito que as coisas estão, o tempo pode fechar - e não é do clima que eu ‘tô’ falando não...

domingo, 4 de maio de 2008

O Maior Barato...


O velho ‘boró’ continua dando o que fumar... ops!... o que falar.

O assunto veio à tona após as autoridades vetarem a Marcha da Maconha - passeata que há 6 anos defende a legalização da erva no Brasil - em nove estados do país. Novamente, deixa-se de lado o bom senso. Se o Brasil não abarca condições de legalizar a droga hoje, tudo bem. Se não quer, paciência. Agora, proibir que pessoas exprimam suas opiniões de forma pública, sinceramente!

Essa hipocrisia é o maior barato! Enquanto se proíbe manifestações pró-maconha, lucra-se com a venda de cigarros, bebidas e outras drogas consideradas lícitas. Pior que isso, mancha-se o maior trunfo da democracia: a liberdade de expressão.

O comércio ilegal da maconha (e de outras drogas consideradas ilícitas) é, sem dúvida, um dos maiores propulsores da violência e do crime organizado. Contudo, é legal consumir as outras drogas consideradas lícitas. É... Legal...

Mas, fazer o que? Enquanto isso eu, que não bebo, não fumo, nem cheiro, fico somente observando essa fumaceira. É o maior barato...

sábado, 3 de maio de 2008

No Fundo...


Respiro fundo... Ahhh... Que vontade de transar...

Pois é. O mundo respira sexo. Vire a cabeça e você vai ver alguma mulher pelada ou seminua. Ligue a televisão e não faltarão peitos e bundas. Ligue o rádio e não faltarão letras apelativas, entoadas por acordes estapafúrdios. E é nesse embalo que o mundo gira...

Ontem, em Kinokawa, um funcionário público japonês foi rebaixado de cargo quando descobriram, após seu computador ser infectado por um vírus, que ele, em 9 meses, acessou sites pornográficos mais de 780 mil vezes - isso dá uma média de 86 mil acessos por mês! Já do outro lado do mundo, aqui no Recife, um homem de 25 anos foi preso após estuprar por duas vezes a própria mãe - o rapaz quase foi linchado pela população antes da polícia chegar.

Ahhh... Que tesão... E enquanto o mundo explode em gozos cada vez mais ousados, continuemos a respirar. No fundo, no fundo, acho que a humanidade quer aí mesmo ficar. E olhe que está conseguindo...

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Bananalização


Antigamente se dizia: “A preço de banana”. Isso para expressar a desvalorização de algo, ou apontar a sua mínima importância. Aprendemos a dar ‘banana’ para o outro ao mostrar o antebraço com o punho cerrado, num gesto de desprezo. Nos acostumamos a chamar o outro de ‘banana’, taxando-o de frouxo ou incapaz. Também, vimos essa riquíssima fruta ser menosprezada, ainda que continue bastante indicada para uma saudável alimentação.

Hoje, a banana permanece em alta. Seja pelo seu caráter nutricional, seja pela sua pejorativa associação ao banal. Enquanto o comércio de banana representa uma boa fatia do mercado mundial (e, especificamente no Brasil, seja a fruta mais exportada), a ‘bananalização’ abarrota todas as esquinas do planeta.

No nosso país, há muito considerado uma espécie de pátria da banana (embora ela seja oriunda da Malásia), exemplos não faltam. Na Paraíba, um pernambucano promoveu o próprio seqüestro para extorquir dinheiro do pai - o amor filial, o respeito e a honestidade ruindo como ‘banana podre’; no Recife, um protesto na praia de Boa Viagem pediu o fim da violência - e o significado de “paz” e “violência” vai compondo esse ‘cacho’ de coisas importantes cujos valores permanecem sendo distorcidos; em São Paulo, uma pesquisa apontou o aumento do número de abortos no país - mulheres que esquecem e ‘descascam’ os próprios ‘frutos’.

Pois é. A vida vai se desvalorizando, a banana não. Por isso mesmo, acho que vou mudar de ramo. Investir nessa inigualável fruta rende que é uma beleza! Pelo visto, ela é o fruto da prosperidade - nem que seja paradoxalmente assim definida. E nesses tempos de ‘globalização’, ganhar com o banal é a tendência. O mundo, assim, vai ficando cada vez mais ‘bananalizado’. ‘Palmas’ para nós...